sábado, 7 de novembro de 2009

O que pode vir a ser

João Pessoa, 31 de julho de 2009 Sexta-feira, 23h24 (Trilha: Siba e a Fulurosta do Samba) Como já é sabido, as palavras que se seguirão não são começo, nem meio, nem fim. Talvez elas nem sejam essas futuramente. Mas ideia é feito chuva no sertão, quando chega tem que correr, pegar as latas e encher o máximo que se pode. Nunca se sabe quando nem o quanto elas vão chegar de novo... xxxxxxxxxxx João de Domiciano. Como todo sertanejo, João também era de alguém. É bem que verdade que ele teve mais sorte que Seu Francisco que era de Dona Josefa Vassourinha, coitado... E pior que é não tinha nem como ciscar e dizer que não o chamassem assim. Tem coisa que é igual chapéu na cabeça de peão, não tem quem tire. Fazer o que né... Cada um com sua sina. Mas o que é que a gente tava falando mesmo? Ah... de João. O de Domiciano. Foi na frente da cova do pai que ele percebeu isso. Que a única pessoa de quem ele foi na vida, vida não tinha mais. Percebeu também que essa tal de vida era uma bichinha danada. Pra ele ter a dele, a mãe perdeu a dela. Olhando pra cicatriz na mão direita João teve a certeza de que era por isso que o pai sempre judiava dele. Sabe Deus o que teria acontecido se João não tivesse colocado a mão na frente na hora que Seu Domiciano rodou a faca no ar. Ele se lembra de tudo em câmera lenta. Vê a cicatriz e ouve o som da faca cortando o ar e depois a pele dele. Dava até pra ouvir o som do sangue escorrendo de um lado. E do outro... - Você vive escapando, seu desgramado! A vida parece que gosta mermo de você...e parece que não gostava de Mariana... a minha Mariana... tão boa que era abriu mão da vida dela pra tu poder nascer... um traste...era... era pra vida ter escolhido a dela...a da gente..." A faca tremendo numa mão e a outra não conseguiu mais segurar a garrafa de pinga. Foi vidro pra tudo que é lado. Foi depois disso que João decidiu que não seria mais de Domiciano. Ele agora ia ser do mundo. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Um comentário:

MMS disse...

"É feito chuva no sertão, quando chega tem que correr, pegar as latas e encher o máximo que se pode. Nunca se sabe quando nem o quanto elas vão chegar de novo... ". Adorei. Tenho a mesmíssima sensação e pensava que minha dispersão de idéias era um problema de DDA. Esse texto parece cena de filme, gostei. =)