terça-feira, 18 de agosto de 2009

O poema do amigo

Estranhamente esverdeado e fosfóreo, Que de vezes já o encontrei, em escusos bares submarinos, O meu calado cúmplice! Teríamos assassinado juntos a mesma datilógrafa? Encerráramos um anjo do Senhor nalgum escuro calabouço? Éramos necrófilos Ou poetas? E aquele segredo sentava-se ali entre nós todo o tempo, Como um convidado de máscara. E nós bebíamos lentamente a ver se recordávamos... E através das vidraças olhávamos os peixes maravilhosos e terríveis cujas complicadas formas eram tão difíceis [Mario Quintana; Aprendiz de Feiticeiro, 1950]

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