quinta-feira, 18 de junho de 2009

Reflexão

Esse foi um dos dias mais significativos de minha vida. Dia em que peguei o meu registro de JORNALISTA. O que pode parecer bobo pra algumas pessoas, pra mim, tem muito mais por trás. Começou a ter valor quando eu passei no vestibular. Coloquei uma segunda opção porque tinha que colocar, mas eu nunca tive dúvidas de que era o Jornalismo que eu queria. Ingressar no curso implicou, aos 18 anos, sair de casa e morar em outra cidade desconhecida. Não tive condições de me dedicar ao curso como gostaria de ter feito porque eu tinha que trabalhar pra me manter. Ví muitos colegas abandonarem o curso pela metade por dúvida, falta de identificação ou desgosto com o futuro mercado. Nunca passei por nada disso. E mais, em momento algum eu me arrependo de ter me formado em jornalismo. A decisão de ontem do STF de "invalidar" o diploma de jornalista gerou indignação em muitos colegas, foi aceita com por outros e me levou à reflexão. Acho sim uma decisão equivocada, acho muito importante o conhecimento adquirido e as discussões travadas no período acadêmico, mas não me preocupa. Acredito que para as pessoas que levam a sério o jornalismo e o que foi aprendido nas universidade não há motivo pra preocupação. Um bom profissional vai ter sempre seu espaço. O mercado vai ficar entupido de gente mais ou menos... vai. Vão querer contratar uma pessoa que não tem diploma pra pagar menos e deixar quem tem de fora porque teria que pagar mais...vai. Eu não me preocupo com isso. Acredito na qualidade do meu trabalho e é isso que vai fazer a diferença da hora de ser escolhido. Acredito também que a "qualidade do trabalho" está diretamente ligada ao que foi aprendido na universidade também. A gente sempre ouve que é na prática que se aprende. Também. Mas sem um conhecimento prévio o perfil do profissional seria completamente diferente. Já ouvi argumentos de pessoas que concordam com a decisão do STF dizendo que o mercado está cheio de jornalistas diplomados e analfabetos, que não sabem escrever, que grandes nomes no jornalismo nacional nunca pisaram em uma universidade. De certa forma concordo com o argumento número um. Basta ver a quantidade de faculdades particulares que existem hoje no mais que se preocupam apenas em dar um curso superior e não formar profissionais. Mas sem o curso superior, sem o diploma, a situação vai ficar ainda pior. O que não falta é gente sem noção que se acha o rei da cocada preta e porque sabe falar direitinho ou fazer um texto que tenha sentido está fazendo jornalismo! Para o segundo argumento: sorte nossa que temos pessoas como essa em nossa área, pessoas que nunca pisaram numa universidade e são detentores de muita sabedoria e sabem passar a informação de forma precisa! Que bom que eles existem! Mas isso não é regra! Saber escrever bem não é fazer jornalismo! Um dentista pode sim fazer uma bela matéria sobre problemas de saúde causados pela má escovação. Um engenheiro civil pode fazer uma matéria falando sobre o crescimento no setor. Pode sim. Mas eles estarão apenas escrevendo textos com base em conhecimentos técnicos de suas áreas, eles não estarão fazendo jornalismo. Não basta passar a informação. Ela tem que ser passada da forma mais clara e objetiva possível, tem que responder a todos os questionamentos de quem lê/asssite. Isso nem todo mundo consegue. Alguns colegas jornalistas, que passaram pela universidade, que tem diploma, às vezes tem dificuldade de faze-lo! Imagine quem não teve a vivência acadêmica... Assim como muitos outros colegas de profissão foi pra mim também uma decisão equivocada,mas não... não vou participar de manifestações e "queimar o diploma". Não sei o dos outros colegas, mas o meu vale muito sim. Não tenho dúvidas disso. ******************************************************* Pra quem não consegiu ver, na roupinha da minha sobrinha tem assim: "QUANDO EU CRESCER QUERO SER JORNALISTA". Precisa esperar tanto mais não, Amélie!!! Titia vai dar um registro de jornalista da pra você de presente!!!

3 comentários:

Clébio Melo disse...

Eu também não vou ficar me lamentando nem desmerecendo o meu VALIOSO diploma de Jornalista! Mas, vou fazer o que tiver ao meu alcance para que a categoria seja valorizada da forma que merece...

Unknown disse...

Gil, não sou Jornalista, mas o que foi decidido não tem nenhum cabimento, me desculpem todos os que acreditam que é uma ideia legal. Você está coberta de razão. Hoje, começa com o jornalismo, amanhã, os professores (eu), os engenheiros, os médicos e por aí vai, e com isso, o mundo se torna cada vez mais analfabeto, as casas desabando e as pessoas morrendo...!

Gilberto Silva disse...

A derrota da educação
Não ser obrigatório o diploma no caso dos jornalistas é mais uma derrota da educação... Pra que passar quatro anos na faculdade, se a partir de agora qualquer um é jornalista? É um absurdo... Mas são coisas que acontecem.
Na verdade... não vai mudar muita coisa, muitos batem no peito e dizem “sou jornalista” e na verdade são irresponsáveis e agressores.
Existe uma diferença entre querer e ser jornalista. Muitos querem... mas poucos são.
Particularmente não me preocupo, não precisei que um MINISTRO diga que sou jornalista, estudei, passei no vestibular, estagiei, me formei, estou no mercado de trabalho e atualmente estou fazendo pós-graduação em mídia e assessoria.
O mercado está abarrotado de jornalistas, advogados, médicos, pedreiros etc. Mas quem se destaca é quem é capacitado, quem trabalha com transparência e responsabilidade.
Apesar da educação ter perdido (afinal estamos no Brasil) não mudou muita coisa.

Gilberto Silva Jornalista formado pela UEPB, especializando em Mídia e Assessoria
DRT – PE 4350 (conquistado, não comprado)