Dias de alegria. Dias de muito trabalho. Dias de muita preguiça. Dias de liberdade. Dias de lágrimas. Dias de inquietação. Dias de esperança. Dias de vontades. Dias... Eu? De todos eles!!
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Pausa
Foto: Sérgio Costa
Primeiro era apenas mais um. Só um barulho. Parecia um rádio. Mas rapidamente todos viram que não era. A mulher estava sentada nos primeiros lugares do ônibus, na janela, com uma criança dormindo no colo. Talvez fosse netinha dela.
Além do barulho, foi a voz dela que chamou atenção.
- O que foi? - Ela perguntou para quem estava do outro lado da linha. E do outro lado da linha não teve resposta. Só mais barulho. Era um choro. No nervosismo, mesmo com o telefone no ouvido, ela não deve ter notado que estava no viva-voz. Todos notaram. E se entreolharam tentando entender.
- O que foi? Tenha calma...
- Eu não tô legal, mãe...
- Me diga o que foi, tenha calma... - Agora com a voz cortando. Como que não quisesse demontrar pra filha que também estava nervosa. No barulho do ônibus ela precisava falar alto. Todos ouviram. Principalmente a mocinha que estava do lado dela e que virou a cabeça pro lado contrário. Como se assim não fosse ouvir.
Parecia não querer ouvir.
Ela, do outro lado da linha, demorou alguns segundos pra conseguir falar. Os soluços atrapalhavam:
- Eu tô me sentindo muito sozinha, mãe... - E parecia estar. A tristeza era grande. Todos perceberam.
- Tenha calma que eu tô indo praí
(choro...)
- Tenha calma que eu tô chegando... - A senhora não conseguia desligar o telefone. Parecia que se o fizesse iria abandonar a filha, era difícil não poder fazer nada naquele momento.
(soluços)
- Daqui a meia hora eu chego aí...
Terminou a ligação. Cheguei ao meu destino. Desci. Ela seguiu o dela.
Mas qual será?
Isso até poderia ter saído de minha cabeça. Mas aconteceu mesmo. E não saíu mais da minha cabeça...
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Um comentário:
é como em 'linha de passe': será que ele fez o gol? será a que a sandra corveloni teve uma filha? será que o neguinho encontrou o pai? é uma maneira de participarmos da história...
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