domingo, 11 de julho de 2010

Até quando?



                No caminho de casa eu ví flores. Algumas coroas. Pessoas em volta de alguém que, naquele momento, era só matéria. Cena que vai estar sempre acontecendo em algum canto e que volta e meia volta à minha cabeça. Meus olhos reagiram instantaneamente e me perguntei: até quando? Até quando vai doer tanto? Até quando essa lembrança vai virar líquido salgado que sai de mim com força e vontade própria?
                Por isso que não gosto de velórios. Fui a três em minha vida: um do irmão de Osias, do meu pai - não tinha como não ir e o do meu avô, que na verdade não fui ao... o velório foi em minha casa, casa na qual ele começou a formar a vida quando saiu do sítio, na minha sala, a mesma em que o ví morrer.
               Minha casa não será mais a mesma, minha sala de tantas lembranças boas agora tem cara de dor, essa palavrinha pequena mas que esmaga, estraçalha e fere como o pior dos carrascos brutamontes. E eu pergunto a você, tão poderosa dor: quando é que você vai cansar e vai embora? Até quando vai ser assim?

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