
Esse foi um dos dias mais significativos de minha vida. Dia em que peguei o meu registro de JORNALISTA. O que pode parecer bobo pra algumas pessoas, pra mim, tem muito mais por trás. Começou a ter valor quando eu passei no vestibular. Coloquei uma segunda opção porque tinha que colocar, mas eu nunca tive dúvidas de que era o Jornalismo que eu queria. Ingressar no curso implicou, aos 18 anos, sair de casa e morar em outra cidade desconhecida. Não tive condições de me dedicar ao curso como gostaria de ter feito porque eu tinha que trabalhar pra me manter. Ví muitos colegas abandonarem o curso pela metade por dúvida, falta de identificação ou desgosto com o futuro mercado. Nunca passei por nada disso. E mais, em momento algum eu me arrependo de ter me formado em jornalismo.
A decisão de ontem do STF de "invalidar" o diploma de jornalista gerou indignação em muitos colegas, foi aceita com por outros e me levou à reflexão. Acho sim uma decisão equivocada, acho muito importante o conhecimento adquirido e as discussões travadas no período acadêmico, mas não me preocupa. Acredito que para as pessoas que levam a sério o jornalismo e o que foi aprendido nas universidade não há motivo pra preocupação. Um bom profissional vai ter sempre seu espaço. O mercado vai ficar entupido de gente mais ou menos... vai. Vão querer contratar uma pessoa que não tem diploma pra pagar menos e deixar quem tem de fora porque teria que pagar mais...vai. Eu não me preocupo com isso. Acredito na qualidade do meu trabalho e é isso que vai fazer a diferença da hora de ser escolhido. Acredito também que a "qualidade do trabalho" está diretamente ligada ao que foi aprendido na universidade também. A gente sempre ouve que é na prática que se aprende. Também. Mas sem um conhecimento prévio o perfil do profissional seria completamente diferente.
Já ouvi argumentos de pessoas que concordam com a decisão do STF dizendo que o mercado está cheio de jornalistas diplomados e analfabetos, que não sabem escrever, que grandes nomes no jornalismo nacional nunca pisaram em uma universidade. De certa forma concordo com o argumento número um. Basta ver a quantidade de faculdades particulares que existem hoje no mais que se preocupam apenas em dar um curso superior e não formar profissionais. Mas sem o curso superior, sem o diploma, a situação vai ficar ainda pior. O que não falta é gente sem noção que se acha o rei da cocada preta e porque sabe falar direitinho ou fazer um texto que tenha sentido está fazendo jornalismo!
Para o segundo argumento: sorte nossa que temos pessoas como essa em nossa área, pessoas que nunca pisaram numa universidade e são detentores de muita sabedoria e sabem passar a informação de forma precisa! Que bom que eles existem! Mas isso não é regra! Saber escrever bem não é fazer jornalismo! Um dentista pode sim fazer uma bela matéria sobre problemas de saúde causados pela má escovação. Um engenheiro civil pode fazer uma matéria falando sobre o crescimento no setor. Pode sim. Mas eles estarão apenas escrevendo textos com base em conhecimentos técnicos de suas áreas, eles não estarão fazendo jornalismo. Não basta passar a informação. Ela tem que ser passada da forma mais clara e objetiva possível, tem que responder a todos os questionamentos de quem lê/asssite. Isso nem todo mundo consegue. Alguns colegas jornalistas, que passaram pela universidade, que tem diploma, às vezes tem dificuldade de faze-lo! Imagine quem não teve a vivência acadêmica...
Assim como muitos outros colegas de profissão foi pra mim também uma decisão equivocada,mas não... não vou participar de manifestações e "queimar o diploma". Não sei o dos outros colegas, mas o meu vale muito sim. Não tenho dúvidas disso.
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Pra quem não consegiu ver, na roupinha da minha sobrinha tem assim: "QUANDO EU CRESCER QUERO SER JORNALISTA".
Precisa esperar tanto mais não, Amélie!!! Titia vai dar um registro de jornalista da pra você de presente!!!